“'Tempo, Tempo’, não se vá de mim
Ou teria eu de guardá-lo bem debaixo de meu peito para vê-lo sempre bem de perto
Mas isso não se pode e nem se deve fazer
O “Tempo, Tempo” é no entanto também aliado nos trabalhos divinos
Ora breve, ora demorado
Por vezes de rápido que se vai dá a sensação que se perde e se esvai
Ou pela espera, dá a sensação de que delonga o período do que tanto se esmera.”
O poema acima é fruto de minha própria conversa imaginária com algo que não se pode conter, mas de suas lições há tanto pra se reter no aprendizado.
E neste aprender contínuo na vida, cujo tempo é uma das plataformas de trabalhos de Deus, que age no “kairós” e também no “Chronos”, uma mãe também aprende que muitas das lições de seu maternar vem, se me permitida a analogia, como o “costurar de colchas de retalho nas mãos da mãe rendeira”, num trabalho de paciência e meticulosidade, até ver cada pedaço compor sua colcha. E no caso, “a colcha de sua família”. Porque cada lar deve ter a sua, em forma e tamanho, no sentido de que cada família tem seu próprio ritmo.
Bem, fazendo uso da analogia, é assim que percebo hoje a compreensão paulatina dos estudos do método de educação por Charlotte Mason. Relevando o conhecimento de Deus, seus escritos sobre educação vão paulatinamente fazendo sentido aos atentos estudiosos, à medida que vão através de e retornam a cada ensinamento.
Não é do dia pra noite que mudanças acontecem. Apesar de parecer que “do dia para a noite” nossos filhos vão de uma fase a outra em seu crescimento, fazendo parecer que passou tão rápido o "Tempo, Tempo". Acompanhar cada fase com intencionalidade nas ações de cuidado, requer o ser sábio no “uso do tempo” que se tem. Por isso, creio que quem ama educar para o conhecimento de Deus quer ter não um, mas dois, ou três... ou mais filhos pelo prazer de viver e reviver cada tempo, cada fase em seus desafios ao se ver crescer, tanto eles como nós. É um “aprender a viver” a educação de filhos, e a nossa auto educação também.
Se faz, sim, necessário “o Tato, a Vigilância e a Persistência" na educação de nossos filhos e tudo isso, junto com a paciência de ter que se repetir e repetir atos, pois a disciplina de hábitos é uma experiência para todo e cada ciclo da vida - há hábitos cujo trabalhar da inclusão à sua consolidação serão continuos entendendo as fases do crescer de cada filho. Mas:
“Semei um ato, colha um hábito; semeie um hábito, colha um caráter; semeie um caráter, colha um destino.” (Charlotte Mason, Pais e Filhos pp. 177-178)
É fato que por várias vezes esbarro nas más tendências de meu próprio temperamento ou no cansaço pelas “bordoadas” - que reverencio como sendo oportunidade divinas, dos ensinamentos que recebo a cada novo estudo ou leitura, como se sendo moldada pelo meu próprio Criador:
“Seja leve e tenha humor. Seus filhos reagirão bem a isto.”
Ou “Seu(sua) pequeno(a)” é uma pessoas com potencialidades/possibilidades, quais delas você está a trabalhar?”
Ou “O Espírito é o verdadeiro Professor.”
Ou ainda “As idéias são sementes. Use-as com criatividade, sabedoria, temor, e na dependência divina, e as verá frutificar.”
Também...
“O tempo de brincadeiras pueris e ternas com a mãe na infância são tão importantes quanto o tempo de passeio ao ar livre com as crianças” – é preciso sentar-se e brincar, e conversar, e dar-se à criança todos os dias um pouco, além do tempo dedicado aos cuidados mais elementares (de preparar a refeição e guiar ao repouso e exercício)”
Paciência! É mesmo assim. A compreensão vem vindo aos poucos, no desbravar de cada tentativa para aplicar o que se ouve e lê.
Há mesmo um "trabalho", duro e constante de autogestão e educação a ser feito, mas ao mesmo tempo sublime.
A mãe é sim capacitada pelo Criador para fazer isto. Para cada vez em que me apliquei a fazê-lo, tenho visto resultados tão lindos se desdobrarem.
O "sentar-me" todo dia para ter um tempo só com meus filhos, de atenção e conversa traz o reforço do sentimento de que eles são importantes pra nós. O "esforçar-me para criar hábitos e evitar dias intermináveis de atrito com minha criança" é mesmo frutuoso.
E logo se vê “minha colcha de retalhos” sendo costurada; parte por parte... e o tempo modelando minhas percepções. Tempo este, servo e aliado mas também, “matéria” a que nos vemos sujeitos enquanto “Pais e Filhos”... Este se vai de nós e logo nossos filhos crescem.
Acompanhemos nossos filhos e cuidemos de nossa relação com eles, sendo sábios no uso do tempo e nos esforços aplicados. O “Tempo, Tempo” ajuda e também se vai.
Por uma mãe, sempre aprendiz.
Vanzilucy Campos