Se você aplica o método de ensino Charlotte Mason em seu lar há muito tempo, sabe a ênfase que Charlotte colocou em fazer as coisas apenas uma vez. Ela explicou que cultivamos o hábito da atenção lendo a passagem apenas uma vez antes de pedir uma narração. Encorajamos a obediência, não nos repetindo quando damos uma orientação a uma criança. Ditamos cada frase apenas uma vez para um aluno que está escrevendo o seu ditado.
Assim, quando me deparei com a frase "demasiadas vezes" nos escritos de Charlotte, eu prestei atenção!
"Não é possível repetir isto demasiadas vezes ou com demasiada ênfase, pois talvez erremos mais a este respeito do que a qualquer outro na educação das crianças".
Vai repetir alguma coisa? Realmente? Deve ser de grande importância!
Nós já vimos algumas outras declarações "demasiadas vezes": Demasiadas vezes damos besteira às crianças e Demasiadas vezes o hábito é um obstáculo às nossas boas intenções. Hoje, vamos olhar para um conceito que Charlotte considerava importante o bastante para repetir com frequência e enfaticamente.
A Mente se Desenvolve a partir de Ideias
Eis a citação completa:
"A vida intelectual, como todas as formas de vida espiritual, tem apenas um alimento pelo qual vive e cresce - o sustento de ideias vivas. Não é possível repetir isto demasiadas vezes ou com demasiada ênfase, pois talvez erremos mais a este respeito do que a qualquer outro na educação das crianças" (Vol. 3, p. 121).
A mente vive e cresce quando alimentada com ideias vivas, e não apenas com fatos secos. Sabemos isso em palavras, mas Charlotte queria que nos lembrássemos disso na prática. Frequentemente.
A diferença entre ideias vivas e fatos secos é a diferença entre memorizar os sintomas do autismo para passar em um teste versus conviver com uma pessoa autista.
É a diferença entre selecionar a resposta de múltipla escolha correta para identificar os anos da Guerra Civil versus ler em primeira mão relatos de como era viver durante aquela guerra.
É a diferença entre traçar linhas para corresponder os animais com os seus respectivos habitats versus passar tempo na natureza e observar esses animais nos seus habitats.
Escolha apenas uma das situações acima descritas, e coloque-se, por um momento, no cenário da ideia viva. Você pode conviver com uma pessoa autista, seja cara a cara ou através de um livro vivo. Você pode ler sobre as experiências e pensamentos de alguém durante a Guerra Civil. Você pode estar sentado em silêncio, observando um castor trabalhando - seja pessoalmente ou através dos olhos de um autor naturalista. Qualquer que seja a situação, imagine-se nela por um momento. O que você está fazendo? E talvez o mais importante, o que está acontecendo na sua mente?
Se esta ideia viva tocar as suas emoções e estimular a sua imaginação, como deve ser, a sua mente fará conexões mentais com outras experiências que você teve ou sobre as quais você leu. Oh, isto pode não acontecer imediatamente, mas mesmo depois de se passar para outra coisa, uma parte da sua mente notará qualquer outra informação interessante que esteja de alguma forma relacionada com essa recente ideia viva. E é aí que a aprendizagem se torna pessoal e real.
Conexões Mentais e Relações Pessoais
É muito provável que você tenha experimentado o efeito de uma ideia viva de uma forma prática no mundo adulto. Digamos que o seu marido lhe diz que vai lhe dar um novo aspirador de pó. O que acontece no seu cérebro? Você começa a se perguntar qual tipo é melhor e a imaginá-lo no armário. Antes que perceba, você está observando anúncios de aspirador de pó que nunca viu ou ouviu antes. Você de repente descobre que as suas amigas têm aspiradores de pó e opiniões sobre eles. Quando você encosta sua bochecha no chão e enfia a mão debaixo do sofá para recuperar um brinquedo, percebe que está pensando em quão limpo estará aquele tapete com o seu novo aspirador de pó. Para onde quer que você olhe, a sua mente está fazendo conexões com o aspirador de pó. É uma ideia viva.
Agora, será nosso trabalho fazer todas essas conexões para os nossos filhos? Não. O nosso trabalho é alimentar as suas mentes com um banquete de ideias vivas, de modo que, independentemente de qual delas se apodere, irá alimentá-los com os melhores nutrientes. É por isso que é nosso trabalho oferecer ideias vivas; elas são poderosas!
Então, como está a "dieta de ensino" em seu lar? Está oferecendo ideias vivas nas quais as mentes dos seus filhos possam viver e crescer? "Talvez erremos mais a este respeito do que a qualquer outro na educação das crianças".
"A vida intelectual, como todas as formas de vida espiritual, tem apenas um alimento pelo qual vive e cresce - o sustento de ideias vivas. Não é possível repetir isto demasiadas vezes ou com demasiada ênfase.” (Vol. 3, p. 121).
NOTAS:
Sonya Shafer é mãe educadora de quatro filhas e há mais de 20 anos se dedica a estudar, praticar, divulgar e ensinar o método de educação de Charlotte Mason.
Texto oiriginal publicado por Simply Charlotte Mason
Traduzido e revisado pelo time de voluntários do DCM