Quanto a conhecer a coisa em si, por Art Middlekauff
Charlotte Mason Poetry, 25 de setembro de 2011
“Bem, não digo que não se possa conhecer a respeito de muitas coisas pelos livros, mas quanto a conhecer a coisa em si, que eu seja introduzido por aquele que a conhecia antes de mim!” (Formação do Caráter, Volume 5)
Quando comecei a ler os escritos de Charlotte Mason no início de 2005, meu objetivo era me tornar um professor de homeschool mais eficaz. Eu confiava que o método de Mason era eficaz, mas percebi que precisava aprendê-lo para aplicá-lo corretamente. Assim começou o longo processo de ler, experimentar, aplicar e (lentamente) melhorar.
Desde o início, eu sabia que o estudo da natureza era uma parte importante de uma educação Charlotte Mason. Isso parecia ser o maior desafio que eu enfrentaria. Como eu poderia seguir o método de Mason sem fazer estudo da natureza? E, no entanto, eu não sabia nada sobre natureza, nem como estudá-la. Aos livros, então! Certamente eles me mostrariam o caminho!
Meu primeiro passo foi encomendar vários livros e guias: alguns guias de campo e alguns livros sobre parques locais. Aos poucos, aprendi onde crescem as flores silvestres nativas da minha comunidade. Finalmente, fui até a Trilha Gen Crema, armado com um guia da trilha e fotografias para me ajudar a identificar o que eu veria. Mas, onde eu esperava ver espécimes facilmente identificáveis lado a lado, encontrei um labirinto confuso de flores minúsculas de todas as cores, formas e tamanhos. Nada parecia com as fotos ou os guias. Eu estava perdido.
Fiquei frustrado e desanimado, mas não podia desistir. O Volume 5 da série de Mason tem uma seção chamada “Pais em Conselho”. Um dos pais diz: “Todos deveriam saber algo sobre os fenômenos naturais que uma criança provavelmente encontrará. Mas como adquirir tal saber? Livros?” Outro responde: “precisamos do auxílio do naturalista, um entusiasta que não apenas ensine, mas nos incendeie com o desejo de conhecer.” Era isso que eu precisava. A ajuda de um naturalista.
Muitos meses depois, para minha alegria, soube de uma aula de identificação de plantas a ser realizada no parque Chiwaukee Prairie. Me inscrevi com meses de antecedência e cheguei com entusiasmo no primeiro dia de aula. Fomos até a Trilha Gen Crema, mas desta vez eu tinha um “guia de campo humano”, alguém que podia desvendar aquele labirinto de complexidade botânica.
Ela conseguia identificar as flores direitinho! Saí daquele primeiro dia com uma confusão na cabeça. Tinha ouvido tantos nomes e visto tantas plantas, todas corretamente identificadas. E, mesmo assim, não lembrava de nada. Eu não tinha uma base para esse conhecimento! Mas em cada aula seguinte, eu levava minha câmera digital. Fotografava cada planta à medida que era identificada e anotava o nome. Com o passar dos meses, fui lentamente construindo meu próprio guia de campo no Shutterfly.com (Nota do tradutor: site americano para editar e imprimir fotos online.)
Um ano depois, um novo verão, e lá estava eu de volta à Chiwaukee Prairie na aula de identificação. Depois de tantos encontros com as flores silvestres, algo estranho começou a acontecer. Eu não só comecei a lembrar os nomes. Não só comecei a reconhecer as espécies. Na verdade, comecei um relacionamento com as flores. Descobri que tinha favoritas. Que me alegrava ao ver como estavam as trapoerabas naquele mês. Os cardos e os solidágos começaram a parecer amigos.
Acima de todas as flores da pradaria, uma se tornou minha absoluta favorita. Em beleza única e design requintado, ela era (e é!) incomparável: o lírio-dos-bosques. Descobri que o lírio-dos-bosques floresce apenas por alguns dias em julho. Marquei as datas no calendário, porque eu não queria perder a chance de ver este amigo especial da pradaria.

Mas o estudo da natureza é mais do que identificar espécimes. Eu sabia que também envolvia observação e desenho com pincel. Mas aí eu estava perdido. Primeiro, eu não sabia nada sobre aquarela, e o desenho com pincel parecia extremamente difícil. Segundo, não era permitido remover nenhuma planta do parque Chiwaukee Prairie. Como eu poderia fazer desenho com pincel com meus filhos se não podíamos levar os espécimes para casa?
A resposta para minhas duas perguntas não veio de um livro. “Quanto a conhecer a coisa em si, que eu seja introduzido por aquele que a conhecia antes de mim!” Na conferência ChildLight USA 2011, eu (finalmente) participei do workshop de Estudo da Natureza conduzido por Deborah Dobbins. Lá, Deborah me ensinou como fazer o desenho com pincel. Meu medo do desconhecido deu lugar ao prazer por uma nova atividade. Mas o mais importante: Deborah removeu meu último obstáculo. Ela disse que quando a turma é pequena o suficiente, a melhor maneira de fazer estudo da natureza é levar as aquarelas até as plantas.
Levar as aquarelas até as plantas? Claro! Nada do que eu tinha lido me deu essa ideia! Eu precisava da ajuda de alguém “que já conhecia antes de mim”. Uma vez entendido o princípio, a execução foi simples. Em poucas semanas, nossa família tinha uma caixinha portátil para desenho com pincel. E que alegria ver meus filhos fazerem seu primeiro desenho com pincel de flores ali mesmo na Trilha Gen Crema.
Dois meses atrás, em julho, era tempo dos lírios-dos-bosques florescerem. E era hora da minha aventura com o estudo da natureza finalmente florescer também. Meus filhos e eu encontramos os lírios, e meu filho fez seu desenho com pincel:

O primeiro capítulo de “Pais em Conselho” termina com os pais decidindo o que fazer a seguir. “Precisamos aprender o que desejamos ensinar”, diz um dos pais. De fato, eu sabia disso — foi por isso que comecei a ler Mason. Mas agora percebo o que aqueles “Pais em Conselho” entenderam. Às vezes, o professor precisa de um treinador. E, às vezes, esse treinador não é um livro vivo, mas uma pessoa viva.
Texto oiriginal publicado por Chalrotte Mason Poetry